Entrevista com Tássia de Matos


"A LALA foi uma das principais peças do meu quebra-cabeça quando se tratou de construir a educação em que acredito"

Nascida em Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, Tássia de Matos é uma mulher negra nordestina de 21 anos que, apesar da pouca idade, já impactou centenas de vidas, servindo de inspiração e exemplo de liderança latino-americana. Responsável pela criação de diversos projetos relacionados à diversidade e inclusão dentro da LALA, Tássia vem promovendo mudanças estruturais que impactam significativamente nossa comunidade, focando no desenvolvimento de grupos minoritários e transformando a LALA em um espaço mais justo e pluralista.


Durante o período em que esteve na escola, Tássia pôde desfrutar de muitas oportunidades que foram histórica e socialmente negadas a seus antepassados; por isso, durante seu crescimento, a educação foi um ponto central em sua vida, uma prioridade a ser seguida. Além da área acadêmica, Tássia também fez questão de aproveitar as oportunidades em atividades extracurriculares relacionadas a esportes, música, teatro e pesquisa de iniciação científica. Desde então, paralelamente ao fato de ser uma aluna altamente ativa, sua predisposição para a liderança também já começava a despontar.

Todas essas experiências lhe deram uma perspectiva mais clara do que ela gostaria de estudar. Nos últimos anos do Ensino Médio, ela percebeu que a educação era sua verdadeira paixão e a área em que gostaria de trabalhar. Atualmente, a jovem está cursando o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades com foco em Gestão e Políticas Culturais na Universidade Federal da Bahia.

Tássia teve seu primeiro contato com a LALA no acampamento BLB 7, em São Paulo, onde conheceu vários jovens brasileiros dispostos a liderar mudanças em suas comunidades. Por meio dessa experiência, ela percebeu o tipo de educação em que acreditava - uma educação baseada na liderança social e no pensamento coletivo sobre o futuro.

Após o acampamento, ela percebeu que queria continuar ativa na LALA. Tássia vem trabalhando há muito tempo com diversidade e inclusão em nossos programas. Uma de suas primeiras iniciativas foi relacionada à questão da inclusão linguística, uma agenda que, junto com uma amiga, ela trouxe para a comunidade, pois, na época, as interações entre os participantes eram principalmente em inglês, o que constituía um fator muito excludente, especialmente para grupos historicamente minoritários. Suas ideias chegaram a líderes proeminentes da LALA, que as apoiaram e fizeram uma série de intervenções para tornar o programa mais inclusivo.

Algum tempo depois, ela começou a trabalhar na criação e implementação do Programa de Apoio aos Jovens Negros, Indígenas e Periféricos, com o objetivo de trazer a diversidade das realidades latino-americanas para a LALA. Naquela época, Tássia diz que não havia uma representação significativa de grupos minoritários na comunidade. A implementação do Programa - que atualmente trabalha em paralelo às admissões, apoiando os jovens por meio de mentoria, desenvolvimento de habilidades e acompanhamento - constituiu uma forma de quebrar esse ciclo de desigualdades durante o processo de admissão e na jornada desses jovens após serem aceitos.


Sem parar por aí, Tássia também ajudou na criação, no planejamento e na execução do Comitê DEIA, responsável pela implementação de ações que promovam a diversidade, a equidade, a inclusão e o acesso ao programa. E além de liderar todas essas iniciativas que tornaram a LALA um ambiente mais diverso e representativo, a jovem também fez parte da equipe de facilitação dos acampamentos virtuais. Essa experiência a fez desenvolver conhecimentos essenciais para suas habilidades socioemocionais.

Depois de tantos anos de trabalho na comunidade, Tássia diz que uma das coisas mais marcantes que a LALA lhe proporcionou foi encontrar um lugar onde ela se sentiu genuinamente ouvida, com abertura para implementar as mudanças necessárias. Agradecemos a Tássia por ecoar uma voz tão poderosa que fez da LALA um espaço plural para muitas gerações de líderes que já surgiram e ainda surgirão. Esperamos que esse desejo incontrolável de ver a mudança acontecendo em todo o mundo inspire muitos latino-americanos.

Esta é uma história escrita por Esther Grisoni e editada por Lorena Ottonimembros da Equipe de Narração de Histórias da LALA.

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