Entrevista com Ernesto Nam, fundador da "Englobar"
"Vi meu pai chorar, e foi a primeira vez que o vi chorar, e então perdemos nossa casa e tivemos que nos mudar de repente, e alguns meses depois, fui rejeitado em todas as faculdades para as quais me inscrevi, tudo em um período muito curto de tempo."
Mas Ernesto Nam transformou esses meses difíceis em algo maravilhoso, maximizando seu período sabático para trabalhar em causas pelas quais era apaixonado e, ao mesmo tempo, priorizando o crescimento pessoal e a compreensão. Durante a crise econômica de sua família, Ernesto já estava trabalhando com uma fundação do tipo "Hábito para a Humanidade" chamada TECHO, que acabou sendo uma tremenda fonte de inspiração para ele. " Enquanto tudo isso acontecia, tive a oportunidade de ser o líder de uma empresa que construía casas com a TECHO, que foi um processo de 10 semanas", disse Ernesto. "Fui o primeiro adolescente a liderar uma empresa construtora de casas, principalmente com estudantes universitários."
Ele começou a passar de 20 a 30 horas por semana ajudando a organizar uma construção de cinco dias para construir moradias para comunidades vulneráveis, que foi a maior empresa do ano. Isso reorientou a perspectiva de Ernesto e lhe deu uma grande fonte de felicidade. " Eu estava ajudando pessoas que não tinham praticamente nada, e elas estavam felizes porque iam ter uma casa", disse Ernesto, "e eu estava triste porque eu tinha quase tudo, menos uma casa, por um curto período de tempo."
Tudo isso contribuiu para que Ernesto iniciasse uma organização sem fins lucrativos durante seu ano sabático, porque ele não queria depender apenas do TECHO para poder impactar a vida das pessoas. Assim, ele fundou a Englobar como seu projeto de paixão pelo impacto social e também começou a dar aulas particulares às pessoas de sua comunidade para ajudar seus pais financeiramente o máximo que pudesse, pois ele também era campeão olímpico de matemática.
A Englobar tem como objetivo abordar vários problemas sociais predominantes e, ao mesmo tempo, motivar os voluntários a contribuir positivamente para a sociedade. " Começando no Paraguai e na América Latina, vemos que, além de termos um sistema educacional ruim, um sistema social ruim e muita corrupção, há um problema maior de falta de esperança generalizada", disse Ernesto.
Ele insistiu no fato de que a falta de esperança é o maior problema, pois leva as pessoas a contribuírem menos para suas comunidades, e é exatamente isso que sua organização pretende combater por meio da educação. Embora se concentre em ensinar os menos favorecidos, Ernesto não parou por aí, observando o potencial que as pessoas privilegiadas têm de ajudar suas comunidades também, se souberem como. Assim, enquanto ensinam leitura e matemática básicas aos alunos para que eles possam buscar seus interesses reais, eles também realizam atividades de liderança e educação ambiental. Dessa forma, seus alunos têm uma base sólida e a capacidade de realizar até mesmo pequenas mudanças.
Atualmente, a Englobar está no Paraguai e no México com mais de 250 voluntários. Ernesto não só conseguiu transformar uma situação infeliz em uma situação positiva, mas também reformulou seu processo de pensamento sobre o futuro e o que é importante para ele. Depois de se inscrever apenas nas melhores universidades americanas, ele agora percebe que o nome da escola não é o que importa, mas o que ele pode fazer com sua educação. Sua maturidade e experiência agora irradiam dele. "Com minha experiência no ensino médio na TECHO, descobri minha paixão por ajudar os menos afortunados", disse Ernesto, "e depois, com a situação da minha família, realmente encontrei meu verdadeiro norte."