Os Brasis dentro do Brasil

Conheça Lavínia Gabrielle - suas raízes amazônicas, seu engajamento na igualdade de gênero e liderança e seus interesses na política.

"Quando pisei no aeroporto do Rio de Janeiro pela primeira vez, o impacto já foi enorme. Todo mundo falava diferente, as gírias eram outras. Eu tinha medo de responder quando me perguntavam de onde eu era, porque já havia sofrido preconceito antes."

Das águas densas do Rio Negro ao mar de Copacabana, a estudante de Relações Internacionais Lavínia Gabrielle cresceu conhecendo cada canto do Brasil. Sem abandonar suas raízes amazônicas, a jovem líder está presente na luta pelos direitos das mulheres, pelo fim da desigualdade regional e pela democratização do acesso à política.

Sua paixão pelo ativismo social nasceu na escola, entre as aulas de história e geografia, onde ela começou a entender seu lugar no mundo. Logo, suas ideias se tornaram grandes demais para o currículo comum e, assim, Lavinia iniciou sua jornada como agente de mudança.

No ensino médio, ela se envolveu com o "Lidere-se", um projeto que luta pela igualdade de gênero e oferece oportunidades de liderança para meninas e mulheres. Com essa experiência, ela percebeu que poderia se envolver com mais tópicos relacionados ao impacto social. Ela também participou do Global Citizen Year, um programa internacional em que conheceu jovens líderes de todo o mundo e aprendeu mais sobre liderança e direitos humanos.

"Quando dizemos que os jovens podem mudar o mundo - esse mundo pode ser sua casa, seu bairro, sua cidade, seu estado. Pode ser qualquer coisa que eles decidam que querem mudar. As pessoas que pensam que mudar a realidade é muito idealista e impossível é o que as impede de tomar a iniciativa.

No final do ensino médio, ela não tinha certeza do que estudar na universidade, mas depois de participar do Programa de Relações Internacionais de Harvard, Lavínia percebeu que o curso reunia todos os seus interesses. Agora ela está iniciando o segundo semestre de Relações Internacionais na UFPB (Universidade Federal da Paraíba). Recentemente, ela também se tornou mobilizadora da Politize!, uma organização que leva educação política a todos os cantos do Brasil.

No entanto, ao ocupar todos esses espaços, o manuara (pessoa de Manaus - Amazonas) também notou um grande problema comum entre eles: não havia nenhum brasileiro do norte. Enquanto seus colegas vinham de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Fortaleza, ela se sentia como a minoria.

"Por que outras pessoas não estão vindo para cá? O norte tem talentos, tem pessoas que poderiam estar ocupando esses lugares. O que está impedindo isso?"

Em sua opinião, essa também é uma questão política, e a desigualdade regional precisa ser discutida por todos. Foi na LALA que ela conheceu os LALíderes, que haviam passado pela mesma experiência. Por meio de uma conexão de histórias, teve início o Projeto Banzeiro , voltado para o desenvolvimento da população do norte do país nas esferas social, emocional e ambiental.

Com sua jornada quase totalmente ligada às suas origens no norte, hoje ela entende que essa é sua principal causa. Em sua busca pelo autoconhecimento, ela foi capturada pela ideia de levar a cultura de sua região além dos estereótipos.

"O norte do Brasil é cultura. É boi-bumbá, é Joelma, Tacacá e Tambaqui. Mas também é muito mais do que tudo isso."

Lavínia não tem sua visão totalmente voltada para o futuro. Ela foi voluntária da UNICEF e de ONGs e acumulou muita experiência com impacto social. Por isso, ela tem certeza de que continuará como ativista e explorará cada vez mais sua história, da qual a LALA faz parte, para ser a melhor versão de si mesma.

Esta entrevista foi agendada por Nicolle Cardoso, escrita por Maria Eduarda de Oliveira e editada por Carlos Bomfim. Eles fazem parte da Equipe Voluntária de Produção de Mídia da LALA.

Publicações semelhantes