"A literatura também é um direito humano".

Ela tinha apenas 14 anos quando transformou sua maior paixão na missão de sua vida. Hoje, aos 17 anos e recentemente selecionada como jovem líder pela Ashoka Young Changemakers, a estudante Luiza Fontes vem transformando vidas por meio da literatura em sua cidade - Belo Horizonte - e arredores.

Seu amor pela leitura começou quando Luiza ainda era criança, graças ao incentivo de sua mãe, que "sempre quis ter uma filha leitora". À medida que crescia e se tornava mais consciente de seu entorno, ela notou como seus colegas de classe não tinham o hábito de ler e como a biblioteca de sua escola era um lugar desvalorizado. "Poucos jovens leem, independentemente do status social. Mas quando você vai para comunidades vulneráveis, a leitura é quase mínima", diz Luiza, que encontrou uma realidade muito diferente daquela a que estava acostumada quando entrou no IFMG.

Foi durante o 9º ano que Luiza decidiu agir sobre a dormência literária que a cercava e fundou, junto com uma colega de classe, o projeto Por Um Mundo Melhor, que atua, com a ajuda de voluntários, na democratização da leitura em todas as esferas: trabalham com doações de livros, oficinas de leitura, ações com refugiados, bibliotecas comunitárias e até peças de teatro. "Comecei a perceber que a literatura não está separada dos problemas do mundo. Ela tem a ver com a pobreza, a desigualdade social, a desigualdade de gênero e a desigualdade racial", diz Luiza, que se esforça para abordar leituras que tenham relação com os leitores em questão. Hoje o projeto conta com mais de 40 voluntários e, por meio de campanhas de arrecadação, já conseguiu doar mais de 2.000 livros para as ações do projeto. "O hábito literário é uma sementinha que plantamos em cada ação do projeto. A gente vai plantando aos poucos, então tem muito a ver com constância. Um livro leva a outro, que leva à paixão pela leitura."

"Quando você entra para a LALA, tem uma rede de outras pessoas de diferentes países, e então percebe que não está sozinha na causa", diz ela, explicando como a LALA foi crucial para que ela entendesse a literatura como uma causa social. Luiza participou do BLB9 e descreveu que, antes da LALA, "eu era uma garota cheia de ideias, mas ao mesmo tempo insegura. Que não sabe realmente o que é liderança, mas tem esse desejo de ajudar os outros". Durante o acampamento, ela não apenas amadureceu emocionalmente, mas também se conectou com sua identidade. " Para mim, a LALA serviu muito para que eu me visse como latino-americana e pensasse que faço parte de um continente, e fala muito sobre minha história, que é algo em que eu nunca havia pensado antes", diz ela, acrescentando que até começou a ler mais escritores latino-americanos, como Gabriel García Márquez e Isabel Allende.

Além de sua paixão pela leitura, Luiza também é escritora e, recentemente, foi a vencedora de um concurso literário que lhe deu a chance de publicar alguns de seus poemas em uma antologia com outras autoras. Ela quer estudar literatura na faculdade e sonha em se tornar professora universitária nessa área. " Não consigo imaginar minha vida sem o Por Um Mundo Melhor", diz Luiza, descrevendo como ela quer fazê-lo crescer em nível institucional para que o projeto "espalhe essa mensagem de uma literatura mais humanizada, afastando-se dessa ideia de literatura como sendo apenas uma matéria acadêmica obrigatória". Nós da LALA estamos orgulhosos e gratos por ter alguém como Luiza em nossa comunidade e desejamos que o futuro dela seja tão brilhante quanto o seu.

Essas histórias são escritas e editadas pela Equipe de Narração de Histórias, que é liderada por ex-alunos que coleta histórias com o objetivo de reconhecer e celebrar o maravilhoso trabalho que voluntários, funcionários e ex-alunos fazem para a LALA e também mostrar como a organização impactou suas vidas.

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