Entrevista com Luiza Vilanova, fundadora da ONG "Gotinhas do Bem

As mãos ásperas pareciam ser de família. Seu avô as tinha por ter trabalhado nos campos brasileiros desde criança, e agora ela também tinha mãos ásperas, embora por um motivo diferente: Uma extensa caligrafia - um contraste adequado da diferença que a educação pode fazer na vida de alguém.

"É incrível como uma coisa pode mudar a forma como vemos o mundo e o alcance de nossos sonhos", disse Luiza Diniz Vilanova, 17 anos, ao refletir sobre sua jornada para fundar a Gotinhas do Bem, voltada para a educação.

Por causa do trabalho de seu pai, Luiza era frequentemente transferida de uma escola para outra, às vezes no mesmo ano, e foi vítima de bullying. Embora isso a tenha afetado negativamente em um nível emocional, ela atribui parcialmente esse fato à sua evolução para uma pessoa profundamente empática e à forma como encontrou sua paixão pela escrita.

Luiza escreveu muito durante esse período e não percebeu até recentemente que essa era provavelmente sua maneira de processar o que estava passando.

"Sinto que as palavras me permitem ir além das fronteiras e me permitem expressar novas ideias", disse Luiza. "Também sinto que contar histórias é uma ferramenta que pode ajudar qualquer pessoa a se tornar um agente de mudança, e foi isso que aconteceu comigo."

Ela usava a saída como uma forma de sair de seu próprio contexto e poder controlar o que estava acontecendo ao seu redor, o que acabou levando-a a escrever um livro aos 13 anos.

Luiza já estava envolvida com teatro e se deleitava com a liberação de interpretar outra pessoa, mas foi a escrita que realmente lhe permitiu "expressar melhor minhas próprias ideias e perspectivas sobre o mundo ao meu redor".

A motivação que era evidente desde muito cedo continuou quando ela se tornou uma jovem adulta, onde fundou a Gotinhas do Bem, que se concentra no ensino de aprendizagem social e emocional para crianças. Enquanto a empresa ganhava força no Brasil, ela participou do Yale Young Global Scholars, onde conheceu a LALA e, por fim, participou de um acampamento em dezembro, que moldou seus pontos de vista.

"Foi uma mudança de vida para mim ver o Favela da Paz [um projeto de educação musical e cultural nas favelas do Brasil com foco em sustentabilidade e não violência] com a LALA", disse Luiza. "Foi a primeira vez que percebi que o envolvimento em um projeto voltado para a comunidade pode mudar o universo. Isso foi muito importante para a minha tomada de decisão sobre como eu passaria os próximos anos da minha vida e o que eu queria estudar na faculdade."

Depois disso, sua empresa começou a se expandir mais rapidamente pela América do Sul. Hoje, ela está impactando 8.000 crianças em 15 estados brasileiros e em seis outros países por meio de diretores regionais, tentando até mesmo reorganizar os esforços na Venezuela e em Moçambique devido ao clima político atual.

A história que mais chama a atenção de Luiza, no entanto, é a do primeiro ano do Gotinhas do Bem. Antes de ter o número de voluntários que tem hoje, todos com idade entre 15 e 22 anos, ela estava ajudando uma classe escolar que tinha uma criança que os professores rotularam como "difícil". Sem se deixar abater, Luiza trabalhou com a turma durante um ano inteiro e disse que chora toda vez que pensa no que aquele menino lhe disse no último dia: "Como você acreditou em mim, decidi me tornar um advogado".

É assim que Luiza trata todos os alunos que são afetados por sua organização. Embora ela não saiba exatamente aonde suas paixões a levarão, duas coisas são certas: Essa jovem adulta empática nunca deixará de ajudar as crianças, e suas mãos sempre serão ásperas ao toque.

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