Entrevista com Luiza Salek, defensora do meio ambiente
Ao crescer na cidade verde e montanhosa do Rio de Janeiro, no Brasil, uma pessoa pode se surpreender ao ver outras cidades totalmente desprovidas de natureza. Crescer cercado pela natureza e tão perto de expedições de aventura também pode deixar uma pessoa cada vez mais irritada ao perceber a destruição que os seres humanos estão causando no mundo natural. Crescer nesse habitat pode até resultar em um ambientalista apaixonado como Luiza Salek.
Ela já havia sido criada em uma família que amava a natureza, mas uma viagem de imersão na escola catalisou tudo. Sua turma foi viver com o povo Anã na Amazônia por 10 dias, o que mudou radicalmente muitas de suas perspectivas.
"Quando voltamos, tudo estava igual, mas nós não éramos os mesmos", disse Luiza. "Todos sentiram o que experimentamos bem lá no fundo." O que eles experimentaram foi uma cultura desprovida de qualquer materialismo: Eles dormiam em redes e tinham um estilo de vida simples, mas Luiza se lembrou do horror de ver plástico no rio que passava pela cidade.
"Você podia ver o plástico sendo lavado em suas terras, e não há caminhões de lixo ou qualquer forma de descartá-lo, então eles tiveram que queimá-lo, o que é realmente insalubre", disse Luiza com uma dor palpável. Ela descreveu a sensação de estar cercada por árvores sem sinais reais de intervenção humana ou controle da natureza, dizendo que nessa comunidade as pessoas "se adaptam à natureza em vez de fazer a natureza se adaptar ao nosso estilo de vida", como ela vê no Rio.
Não é preciso dizer que, ao retornar da viagem de imersão, ela viu as coisas sob uma nova perspectiva. Já seguindo uma dieta baseada em vegetais e consciente de seu consumo, ela e seus colegas também começaram a ver a verdadeira falta de relevância significativa do materialismo para suas vidas.
Mais tarde, como Luiza ficou cada vez mais preocupada com o estado da natureza quando os incêndios na Amazônia começaram, ela rapidamente criou o "Amazônia nas Ruas", fez um grupo no Facebook e organizou uma marcha pelo clima que foi um sucesso retumbante com a participação de mais de 8.000 pessoas, sendo que alguns jornais afirmam que o evento atingiu até 20.000 pessoas. No entanto, apesar de organizar esse evento e outros como o "Sextas-Feiras para o Futuro", ela percebeu que muitas pessoas no Brasil não têm as informações necessárias para entender a mudança de paradigma pela qual o mundo está passando.
"É doloroso não apenas assistir a toda essa destruição, mas ver como as pessoas não estão se conectando com o que está acontecendo", disse Luiza. "Eu estive lá com as pessoas mais afetadas por isso, então quando vejo o que está acontecendo, eu sinto, e é muito doloroso ver outras pessoas não sentirem isso também."
Essa é uma das principais razões pelas quais ela quer ir para o exterior para se formar em estudos ambientais, que nem sequer é oferecido no Brasil. Ao discutir os privilégios relativos que tem, como ter sempre comida no prato, roupas lavadas e o apoio financeiro dos pais, ela simplesmente disse: "Não quero isso... Preciso estudar o que realmente faz sentido para mim, e terei de fazer isso fora do Brasil".
Mas quando pressionada sobre quais eram seus planos de longo prazo, Luiza falou com muita naturalidade sobre como ela não está em posição de fazer planos para o futuro. "Não sou uma pessoa que está fazendo planos de longo prazo porque o planeta está realmente instável", disse Luiza. "Estamos destruindo essas comunidades. Acho que ninguém mais conseguirá viver à parte dessa crise."
O fato de estar tão concentrada em um problema que está piorando e que ela não consegue resolver por conta própria trouxe suas frustrações, e Luiza agradeceu ao acampamento da LALA do qual participou por ter lhe dado mais esperança em relação ao futuro. " Eu acompanho as notícias o tempo todo e, às vezes, isso me leva rapidamente a um estado de tristeza por tudo o que estamos destruindo e perdendo... é como um estado de desespero", disse Luiza. "Ir à LALA realmente me permitiu ter uma perspectiva sobre essa situação, e conhecer todas essas pessoas apaixonadas me deixou mais esperançosa e voltei ao Brasil realmente motivada a mudar as coisas, e é isso que tenho feito."
Em um sentido literal e figurativo, Luiza se tornou um produto de seu ambiente. Acima de tudo, ela quer garantir que a natureza em torno da qual cresceu e que considera de vital importância possa reverter o curso por meio de uma melhor sustentabilidade humana, para que possa ser próspera e estável para as próximas gerações.